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Temos redes associativas demais no Brasil?

Os dados que coletamos no Observatório Brasileiro de Redes e Centrais de Negócios apontam para mais de 500 redes associativas em atividade no país. Embora à primeira vista esse seja um número fantástico, que foi alcançado em pouco mais de 20 anos, um olhar mais atento permite concluir que essa quantidade é grande demais, mesmo para um país continental como o Brasil.


Na Alemanha há aproximadamente 310 redes associativas em atividade, mas estas reúnem 230.000 empresas e movimentam cerca de 18% do PIB. A título de comparação, o PIB da Alemanha em 2021 foi de 3,57 trilhões de euros (quase R$ 20 trilhões, na cotação atual), enquanto o PIB do Brasil foi de R$ 8,7 trilhões. Em uma conta rápida, o faturamento de empresas vinculadas a redes na Alemanha foi de aproximadamente R$ 3,6 trilhões, uma cifra muito distante da realidade das redes brasileiras.

Uma das explicações para o número menor de redes na Alemanha, em comparação com o Brasil, é que há poucas redes em cada setor de atuação, mas estas são robustas e competitivas. A maioria das redes de grande porte em atividade na Alemanha é o resultado de colaborações e fusões entre redes. A I&M, do varejo de materiais de construção, por exemplo, é resultado da fusão da Interpares com a Mobau. A rede que resultou dessa fusão é ainda parceira da Eurobaustoff, uma das maiores redes associativas de Matcom da Europa.


Um dos receios de muitos empresários vinculados a redes no Brasil parece ser a perda de uma marca construída ao longo de muitos anos, mas isso pode ser facilmente solucionado. Várias redes alemãs que passaram por fusões ou colaborações tomaram a decisão de manter as marcas individuais das redes envolvidas e buscar sinergia em outras estratégias, como ganhos de escala e profissionalização. Ou seja, esse não pode ser o motivo para não cooperar.


A discussão é longa e certamente precisa ser aprofundada, mas parece que um passo importante para o movimento das redes associativas no Brasil é reconhecer que em alguns setores temos redes demais (e por enquanto empresas associadas de menos). Promover a colaboração entre redes pode ser o primeiro caminho para fortalecer ainda mais o movimento de associativismo empresarial no Brasil.

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