Quem fez?
A Rede Bem Viver atua há mais de 20 anos com o objetivo de fortalecer as empresas associadas e gerar competitividade a pequenos e médios empreendimentos do setor de materiais de construção. Tem como visão “ser a maior e a mais eficiente Rede Associativa de Varejo de materiais de Construção do Sul do Brasil e estar entre as maiores redes a nível Nacional”. Ao mesmo tempo em que mantém valores como gestão participativa e democrática, incentivando o comprometimento de todos, a rede é uma das pioneiras no Brasil em termos de implantação de um modelo de governança pautado na profissionalização e autonomia dos gestores.
Qual era o desafio?
A rede precisava profissionalizar seu sistema de gestão, definindo uma política clara de critérios para alteração do time de gestão de topo da rede. Havia uma necessidade clara de aumento da eficiência no processo de tomada de decisões operacionais e estratégicas da rede e redução da centralização das informações no presidente da rede. Não existia entre os associados uma compreensão clara do papel desempenhado por conselheiros na governança da rede.
O que a rede fez?
A profissionalização da gestão da rede foi um projeto planejado e estudado por cerca de dois anos, antes da sua implantação. No início, foram realizadas reuniões internas de planejamento para estruturar o projeto, com foco em discutir cenários de implantação, estudos e levantamento de informações. Os associados e a gestão da rede foram convidados a realizar um curso de governança, pago parcialmente pela rede e pelos associados participantes. Também foram realizadas reuniões com os associados para disseminar a proposta de profissionalização e engajá-los no processo de criação da proposta. Esse processo foi importante para esclarecer o papel dos conselheiros na governança da rede. Nesse sentido, a proposta de profissionalização foi formatada e levada para discussão em assembleia. A proposta de governança aprovada permite que os conselheiros eleitos permaneçam no cargo por dois anos com possibilidade de se reeleger para mais dois anos. A alteração de conselheiros prevê que (1) os associados interessados na posição se candidatem às vagas; (2) será realizada, primeiramente, uma entrevista desses candidatos junto aos atuais membros do conselho. Como critérios de elegibilidade, busca-se por candidatos que não possuam um histórico de problemas internos na rede, de inadimplência, ou processos judiciais. Além disso, os entrevistadores realizam uma avaliação comportamental dos candidatos. A formação, o nível de conhecimento e experiência do candidato com tomada de decisões, bem como a capacidade de pensamento estratégico também são os aspectos analisados. Assim que empossados no cargo, novos ingressantes no conselho passam por um período de adaptação que dura seis meses. Atualmente, a rede conta com cinco conselheiros que são associados da rede, havendo espaço para chamar conselheiros externos. A descentralização do processo de tomada de decisão ocorreu por meio da implantação das (1) reuniões mensais e extraordinárias do conselho; (2) criação de Grupo de WhatsApp do conselho para discussão e aumento da coesão no grupo; (3) envio de informações por e-mail para registro de combinações que ocorrerem. Nesse sentido, construiu-se uma maturidade dentro do conselho, pois há determinados momentos que contam com convidados externos participando das reuniões.
Quais foram os resultados?
O sistema de governança implantado acelerou os fluxos do processo de tomada de decisão e profissionalizou a rede. A nova estrutura de governança e gestão gerou melhoria da imagem da rede e ganho de legitimidade frente aos associados, que passam a “enxergar a rede com outros olhos.” Além disso, a tomada de decisões passou a ser mais assertiva e os gestores contratados passaram a ter mais autonomia para tomar decisões operacionais.
Quais são as recomendações para outras redes?
É fundamental realizar uma análise criteriosa e profissionalizada das competências dos candidatos ao cargo de conselheiro. Disseminar a importância dessa função para os associados é um processo chave na implantação da governança na rede.
Fonte: Gestão de Redes e Centrais de Negócios - Estratégias e práticas, Pr. Dr. Douglas Wegner e Aruana Rosa Souza Luz.
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